Hórus - o herdeiro de Osiris e Isis.

01-03-2011 12:46

Conta-se, em outros relatos sagrados, que a arca tinha saído para o mar quando Ísis chegou à foz do Nilo, e só terminou a sua viagem na muito longínqua costa da Fenícia, indo de encontro a um tronco que crescia à beira do Mediterrâneo, muito próximo da cidade de Biblos.A árvore, milagrosamente, cresceu num instante, englobando o féretro flutuante no seu tronco para dar-lhe o último abrigo. Movido pelo destino, o rei de Biblos viu aquela gigantesca árvore e mandou cortar o seu tronco e com ele ordenou construir uma coluna para o seu palácio. Mas Ísis soube também do portentoso fato e empreendeu a viagem até chegar à cidade de Biblos, onde pediu ser recebida pelo rei, para fazer-lhe saber a razão da sua penosa expedição. O rei ouviu o relato da rainha e ordenou imediatamente que lhe fosse devolvido o caixão onde repousavam as restos mortais do bom Osiris. Concedido o seu desejo e com o caixão em seu poder, regressou sigilosamente para o Egito, não sem antes tentar ocultar o cadáver do infeliz esposo da maldade de Seth. Mas Seth, senhor da noite e das trevas, deu com ele e voltou a tentar terminar com a ameaça que Osiris representava, fazendo com que os seus restos fossem dispersos por todo o imenso e intransitável delta do grande rio. De novo Ísis empreendeu a procura dos restos de Osiris nos pântanos do Nilo e, um a um, reuniu outra vez o cadáver. Quando os conseguiu, tomou a forma de uma grande ave de presa e pousou-se sobre os despojos, batendo as suas asas até que com o seu ar benfeitor insuflou uma vida renovada em Osiris. O esposo ressuscitado tomou-a e a boa Ísis ficou grávida de Hórus, o filho que teria de vingar o pai assassinado e restauraria a ordem divina no Egito. Mas, enquanto chegava o momento do nascimento de Hórus, Ísis ocultou-se de Seth nos pantanosos terrenos do delta do Nilo.

A vingança de Hórus

Osiris retornou ao reino dos mortos, mas já tinha deixado a sua semente em Ísis e dela nasceu felizmente Hórus em Jenis. Com a presença devota da sua mãe foi educado no maior dos segredos, preparando-se com esmero e paciência o sucessor do rei assassinado no seu esconderijo do Delta, enquanto a mágica Ísis o cobria com a impenetrável couraça dos seus conjuros, esperando até que chegasse a hora da vingança definitiva.E esta hora chegou, mas a luta entre Seth e Hórus seria longa e angustiosa; uma briga que parecia não ter fim, na qual um e outro infringiam tanto mal como o que recebiam do seu adversário. Tão penoso era o combate que Toth, o deus da Lua e a divindade da ordem e a inteligência, se apiedou dos combatentes e interveio para mediar a disputa, levando ambos perante o tribunal dos deuses e fazendo comparecer também Osiris, para que todos pudessem ouvir as razões de um e dos outros.O tribunal sentencia que, na causa entre Seth e Osiris, seja Osiris quem recupere o reino que teve em vida, e acrescenta à sua coroa a parte do país que originalmente correspondeu ao seu irmão e assassino. Na longa e controversa vista da briga entre Seth e Hórus, que durou nada menos que oitenta anos, os juizes celestiais terminaram por sentenciar o pleito sobre os direitos sucessórios a favor de Hórus. O filho póstumo de Osiris recuperava o que correspondia pela sua linhagem: a sucessão no trono de Egito. Assim, o filho era reconhecido pela divindade como soberano indiscutível, dentro da tradição clássica que adjudicava.

O olho de Hórus

O olho que Hórus feriu (o olho esquerdo) é o olho da lua, o outro é o olho do sol. Esta é uma explicação dos egípcios para as fases da lua, que seria o olho ferido de Hórus.

Após derrotar Seth, tornou-se o rei dos vivos no Egito. Perdeu um olho lutando com Seth, que foi substituído por um amuleto de serpente, (que os faraós passaram a usar na frente das coroas), o olho de Hórus, (anteriormente chamado de Olho de Rá, que simbolizava o poder real e foi um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas). Depois da recuperação, Hórus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth.

Alguns detalhes do personagem foram alterados ou mesclados com outros personagens ao longo das várias dinastias, seitas e religiões egípcias. Por exemplo, quando Heru (Hórus) se funde com Ra O Deus Sol, ele se torna Ra-Horakhty. O olho de Horus tornou-se um importante símbolo de poder.

Pesquisa realizada por Rhaid Druantia